terça-feira, 17 de novembro de 2009

Os manuscritos de Drummond

A Revista Veja de 11 de novembro de 2009 divulgou que foram encontrados poemas inéditos de Carlos Drummond de Andrade, escritos ainda na juventude do poeta. O dono da proeza foi o Professor de Literatura da UFRJ e diretor da Comissão de Publicações da Academia Brasileira de Letras, Antônio Carlos Secchin.

Drummond é um dos poetas mais populares da literatura brasileira, considerado um dos maiores da América Latina. Integrou o Segundo Tempo do Modernismo brasileiro, abordando temas que vão desde a terra natal (Itabira - MG), passando pela questões sociais de sua época, até os dramas existenciais do homem e as brincadeiras com a linguagem, seguindo a linha de escritores que entendem o fazer poético como um árduo trabalho intelectual. Sua obra também pesquisa intensamente o que é a verdadeira essência da poesia, o que o torna um poeta metalinguístico importantíssimo para o entendimento do que é a poesia após a rebeldia da Primeira Geração Modernista e ponto de referência para muitos autores a partir da Geração pós-1945 (inclusive vários contemporâneos). Resumindo: em matéria de poesia moderna, se ele não for O CARA, é pelo menos um desses caras.

Os poemas encontrados foram escritos na década de 1920. O sapeca do Drummond pediu para sua namorada, na época Dolores Dutra de Moraes, que datilografasse seus manuscritos. O legal da história é que são poemas meio adolescentes, segundo o próprio Drummond, que comentou seus escritos em 1937. É o cara maduro analisando sua poesia da época de iniciante. Segundo o Professor Secchin, ainda são poemas impregnados de influências simbolistas, embora já com versos livres. Drummond fez umas comparações meio clichês em alguns deles. Na época, Drummond chegou a dizer que "o que há de mais deplorável nesses versos é que eles são autênticos".

Olha aí um comentário manuscrito:



"Tradução": "Se um inimigo apanhasse esses versos..."

Para saber mais, consulte:
veja.abril.com.br/111109/drummond-antes-de-drummond-p-204.shtml
O fac-símile aí de cima está lá, bem como outros deles.

Lembre-se de que Drummond e ENEM sempre combinaram muito bem! Divirtam-se com os livroclips aí embaixo. Abraços!



Esse é um joguinho, muito legal:

terça-feira, 13 de outubro de 2009

A CIDADE E AS SERRAS X CAPITÃES DA AREIA


Saber ler uma lista de obras literárias é, também, saber perceber certas semelhanças entre elas.
Na obra A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, Jacinto toma consciência social ao visitar o alto de Montmarte, vendo Paris de cima. Quem o desperta para essa consciência é o narrador da obra, Zé Fernandes. Jacinto, até então defensor máximo da "suma ciência" e da "suma potência", não tinha a mínima consciência de que a cidade poderia ser uma ilusão, além de não saber que, para que pudesse gozar dos confortos da civilização, havia pessoas que se sacrificavam - os pobres trabalhadores. Sua alienação era tão grande que nem sequer havia pensado nisso. Porém, uma vez desperto para essa grande verdade, assume a responsabilidade de levar benfeitorias sociais para os campos de Tormes, melhorando a vida de muita gente e passando a ser visto como uma espécie de reencarnação de Dom Sebastião. Por onde passava, era reconhecido como o "pai dos pobres".

Trajetória semelhante percorre o herói de Capitães da Areia (Jorge Amado) - o menor abandonado Pedro Bala. Filho de um grande grevista que morrera em função de lutar por seus ideais, ele passa de menor abandonado a ícone da luta contra as injustiças sociais. É elevado à categoria de símbolo social no capítulo "Destino", conversando com João de Adão. Observe o trecho:

Numa mesa pediram cachaça. Houve um movimento de copos no balcão. Um velho então disse:
- Ninguém pode mudar o destino. É coisa feita lá em cima – apontava o céu.
Mas João de Adão falou de outra mesa:
Um dia a gente muda o destino dos pobres...
Pedro Bala levantou a cabeça, Professor ouviu sorridente. Mas João Grande e Boa-Vila pareciam apoiar as palavras do velho, que repetiu:
- Ninguém pode mudar, não. Está escrito lá em cima.
- Um dia a gente muda... – Disse Pedro Bala, e todos olharam para o menino.


E, de fato, tranforma-se num símbolo da luta contra a opressão e as injustiças sociais. Quem diria!!! Observem só o "parentesco" entre Jacinto e Pedro Bala.

Bons estudos!!!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

CAPITÃES DA AREIA NO CINEMA


A diretora Cecília Amado (foto), neta de Jorge Amado, entrou na fase de finalização do filme Capitães da Areia. A última etapa de filmagem foi concluída em junho, em Salvador, na Bahia.

Adaptações como essa são sempre bem vindas. Geralmente, elas acabam produzindo um pouco de polêmica, talvez porque algumas pessoas não entendam perfeitamente o sentido de uma adaptação. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a microssérie Capitu, exibida pela Rede Globo. Muitos torcem o nariz para essa adaptação porque ela "não é fiel à obra".

Entretanto, pense bem: o livro Dom Casmurro pertence a Machado de Assis, mas a microssérie foi dirigida por Luiz Fernando Carvalho. Por ser uma obra aberta, como toda grande obra literária acaba sendo, o livro dá margem a várias leituras diferentes, e a microssérie mostra uma das possíveis leituras da obra. É claro que não se pode descaracterizar completamente uma obra marcante, mas acho interessante que o público em geral tenha acesso a uma nova visão de um grande clássico da literatura.

É uma forma de divulgar a leitura num país onde ela anda tão em baixa.
Acredito ser necessário entender que são duas obras (o livro e a microssérie) com linguagens diferentes, pois são manifestações artísticas diferentes. Portanto, o diretor Luiz Fernando Carvalho não teria a obrigação de ser exatamente fiel ao livro.

Vamos esperar, agora, para ver o resultado da adaptação de Cecília Machado, torcendo para que seja uma bela contribuição para a obra de seu avô e para a divulgação da leitura no país. Enquanto isso, agarre-se ao livro, para que você possa tecer a sua opinião pessoal quando o filme for lançado. Lembre-se de que ele será cobrado em grandes vestibulares do país, especialmente FUVEST e UNICAMP.

Boa leitura!!!

P.S.: O site oficial do filme é www.capitaesdaareia.com.br

Assista a mais um Livroclip:

terça-feira, 8 de setembro de 2009

CONCURSO "IDIOMATERNO" - MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA



A Secretaria de Estado da Cultura, por meio da Poiesis – Organização Social de Cultura e do Museu da Língua Portuguesa, está realizando o Concurso “Idiomaterno – uma definição para a Língua Portuguesa”, destinado aos interessados em geral, com o objetivo de revelar e premiar as dez frases originais que melhor traduzam a língua portuguesa.

Os premiados terão suas frases publicadas nas paredes do Museu, além de receberem exemplares do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, vinte ingressos para visita ao Museu e um conjunto de catálogos das exposições permanentes da Instituição.

Para concorrer, os interessados deverão entregar os trabalhos até as 15 horas do dia 30 de setembro de 2009, no Museu da Língua Portuguesa, situado na Praça da Luz, s/n, CEP: 01120-010, ou na sede da Poiesis – Organização Social de Cultura, situada na Av. Paulista, 37 - Bela Vista, CEP: 01311-902, em envelope destinado à Coordenação do Concurso Idiomaterno – uma definição para a Língua Portuguesa.

As frases devem conter, no máximo, vinte e cinco palavras. Para mais informações, visite o site do Museu:

Participe!!!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

PARA O PESSOAL QUE VAI PRESTAR O PAS


Oi de novo!
Só para lembrar a galera que deixa para última hora: as inscrições para o PAS terminam amanhã (dois de setembro).
Aí vão as leituras obrigatórias para a primeira etapa:

- Discurso da servidão voluntária - La Boetie
- A alma encantadora das ruas - João do Rio
- A pele do lobo - Artur de Azevedo
- Cartas Chilenas - Tomás Antônio Gonzaga
- Almanaque Brasil Socioambiental 2008

Estou desenvolvendo um material especial para analisar as obras do PAS (primeira etapa). Pretendo formar grupos de estudo para começar as aulas especiais já em setembro. Se você estiver interessado, entre em contato comigo através do email:

brancoandre@hotmail.com

É uma possibilidade de estar à frente e conseguir uma boa pontuação. Divulgue para os colegas.
Um abraço e bons estudos!
Branco.


terça-feira, 18 de agosto de 2009

Se não fossem as vanguardas...






Poética

Estou farto do lirismo comedido
do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro do ponto expediente protocolo e manifestações de interesse ao Sr. diretor


Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo


Abaixo os puristas


(...)

Manuel Bandeira

Tanta revolta contra o tradicionalismo literário talvez não existisse se, na Europa de início do século XX, não houvesse surgido os chamados "ismos" europeus. É só dar uma olhada nas imagens e viajar, comparar com as artes plásticas convencionais antes das vanguardas, e aí você vai entender esse clima de inovação que tomou conta da primeira fase do Modernismo brasileiro.

As imagens aí em cima são: A Fonte (Marcel Duchamp - Dadaísmo), As Senhoras de Avignon (Pablo Picasso - Cubismo), Lanceiros (Boccioni - Futurismo), O Grito (Munch - Expressionismo), Canibalismo (Dali - Surrealismo). Procure os detalhes nas imagens, pesquise tamanhos maiores na net se for necessário. Não tomará muito tempo. E lembre-se: quando buscamos significados numa obra de arte, seja ela literária ou não, estamos aperfeiçoando nossa capacidade de interpretar a nós mesmos e o mundo à nossa volta. Ninguém poderá tirar isso de você, e seu poder de decisão, de comunicação e de criação estarão a seu favor durante a vida inteira.

Curiosidade interessante sobre o Manuel Bandeira: ele se gabava de ter tido um encontro, aos dez anos de idade, com ninguém menos que Machado de Assis, numa viagem de trem. Bandeira teria perguntado ao Bruxo se ele gostava de Camões, e teria recitado uma estrofe de Os Lusíadas da qual Machado não se lembrava. Já velho, Bandeira admitiu que tinha inventado essa história.


Abraços. Os links permancem disponíveis nas postagens anteriores. Logo adiciono mais materiais.

André Branco

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

MEU BLOG!

Aqui vai um pouco do que defendo: as palavras são instrumentos poderosíssimos e precisam ser reveladas ao máximo possível de pessoas. Seus enigmas devem ser descobertos... Neste espaço que acabo de inaugurar, pretendo levar um pouco delas para aqueles com quem convivo no meu cotidiano (meus alunos e colegas de trabalho). Espero manter o espaço atualizado (embora meu tempo seja meio curto), assim como espero também receber comentários de quem passar por aqui. Quais são minhas intenções? Difundir notícias sobre a língua e a literatura, falar sobre coisas sérias e também sobre bobagens que nos acrescentem alguma coisa de útil, mostrar que a língua e a Literatura fazem parte de nossa vida mais íntima e também da mais pública, provar definitivamente a necessidade de conhecê-las, e também compartilhar materiais de estudo e de trabalho com quem tiver disposição para dar uma olhadinha.

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